sexta-feira, 16 de abril de 2010

Texto do Bruno

Bem vou postar um texto do Bruno Leite, pois eu gostei do que ele escreveu :)


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Quebrando Barreiras




O sino do colégio Alfredo Tomás toca, e aqueles corredores vazios e com pouca iluminação logo se encheram de alunos, completamente felizes, pois a aula acabara.
Eu já estava saindo do colégio quando meu amigo, o Marcos, gritou:
—Raimundinho! Espere por mim, quero lhe mostrar essa nova figurinha que consegui. A figurinha era muito rara, eu estava olhando para ela quando de repente, lá em baixo da árvore, estava sentada com suas amigas, uma garota sensacional, seu rosto, seus cabelos, eram perfeitos. A figurinha não era mais meu alvo, e meu objetivo agora, era descobrir o nome daquela formosura.
No outro dia eu e Marcos estávamos chegando à escola, quando de repente, ela passou por nós, e naquele momento eu coloquei em minha cabeça uma coisa, hoje eu irei descobrir seu nome.
O sino do intervalo tocou e nós saímos da sala para lancharmos. Entrei na fila da cantina e bem na minha frente estava ela. Meu coração parou, só voltei ao normal porque Marcos cutucou-me. Era essa a hora, tomei coragem e comecei nosso dialogo:
—Oi. Tudo bem?
—Oi. Vou bem e você?
—Estou ótimo, “ta” calor hoje, não é?
—Sim e como.
Eu não tinha mais o que falar, quando de repente, de algum lugar veio uma idéia:
—Quer que eu pague o seu lanche?
—Se você quiser.
—Mas você tem me responder uma coisa. Qual o seu nome?
—É Flor. E o seu?
—Raimundo, mas todos me chamam de Raimundinho.
E assim começou nossa amizade, só que esse era o problema, eu não queria só a amizade dela, eu queria namorá-la.
Dias depois, vivendo perfeitamente, nos começamos a namorar. Mas tudo desabou quando ela me disse que seu pai iria trabalhar em outra cidade, e também disse que ele havia descoberto nosso namoro, e isso ajudou em sua decisão, pois filha dele não namorava qualquer um.
Hoje trabalho em um banco ao lado de um hospital muito famoso.
Sempre ouvimos barulhos de sirenes e como já nos acostumamos, não paramos nosso trabalho para ver a ambulância. Mas em um dia foi diferente, eu senti algo e mesmo trabalhando decidi ir ao hospital ver o que ocorrera. Era uma mulher muito bonita, mais ou menos da minha idade. E eu jurava que a conhecia.
Por fofocas e comentários descobri que a paciente se chamava Florinda e seu caso era grave. Ela sofreu um desmaio e com os exames foi descoberto um câncer pulmonar.
No meu dia de folga fui conhecê-la melhor. Ela me recebeu com muita gentileza. Conversa vai, conversa vem e ela era a Flor, meu amor de infância. Comecei a amar de novo, mesmo estando mais velho, tinha certeza de que ela voltara para mim e eu estava disposto a quebrar todas as barreiras para tê-la.
Como prova de amor raspei meu cabelo e ambos ficamos com cabeças raspadas. Ela amou minha idéia e caiu em risos, sorriso humilde e incomparável.
Eu a visitava todos os dias depois do trabalho e com tanta alegria esquecia que ela tinha um câncer muito perigoso.

No dia 26 de Setembro de 1955 eu comprei frutas, sucos, sanduíches e tudo que ela não podia comer. Trancamos-nos em seu quarto e comemos, bebemos e rimos até cairmos no sono. Depois falamos com o médico e ele disse que isso não afetaria o caso dela.
No dia seguinte, 27, eu saí do trabalho e fui correndo para o hospital, e como eu já era conhecido, entrei voando, pois eu tinha uma surpresa para ela, eu ia pedir sua mão. Mas ao abrir a porta de seu quarto, ela não estava lá. Pensei que deveria estar em outro quarto fazendo exames. Vi o médico naquele corredor pouco iluminado e vazio com a cabeça baixa e logo perguntei:
—O que houve?
—Sua Flor Faleceu, me desculpe.
Não agüentei, e logo chorei como uma criança. O médico me mostrou um bilhete, e nele estava escrito.
“Obrigada por tudo, você quebrou as mais impossíveis barreiras por mim, gostaria de viver pelo menos mais um dia ao teu lado, Eu te amo”.
E depois de ler cai em um sono profundo e eterno.
Nosso amor não prevaleceu completo na Terra, mas mesmo assim, ele será para sempre.



Bruno de Pádua Leite

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