domingo, 9 de maio de 2010

A poetisa

Parte I – O nascimento

Escolheram um lugar perfeito para lhe batizar
mas um nome sombrio para lhe chamar
Um lindo olhar castanho, mas ele está sem vida
destinaram a você colocar toda essa dor no papel,
palavras sem rima,
palavras sem mel
Nas cachoeiras desenhados pelo divino
vieste para esse mundo, e o sino
tocou no momento do seu nascimento
Uma linda menina com sentimento
puro...

Parte II – Ampulheta

Os grãos de areia foram caindo
e o véu velho deixa o calor saindo
e a vida toma uma estrada
diferente da almejada
mas segue com as páginas a ti traçadas
os sonhos como grandes constelações...
mas cada vez que és tocada pela realidade
as estrelas caem, esvai toda a beleza das canções
celestiais, mas a areia lhe toma essa felicidade
e os aromas perdem a suavidade

Lagos lentamente são congelados
um vazio nasce sobre o caminho daqueles que nunca foram amados
Olhares mórbidos são escondidos por sorrisos não cálidos
sentimentos alegres são afastados dos negados...

Sem um sentido real você continua a vagar por esse jardim
de rosas pútridas... Os pés descalços pisam em espinhos
como pode uma criatura levar para casa toda essa dor?
A sua pura alma está se sujando, e a sua taça ganha o tom carmim
O vinho passa a ser sua água, as lágrimas molham vossos cílios

O espelho tranca minha alma, meus dias se vão com cada por do sol
raios de luz cada vez são mais consumidos pela escuridão
desse caminho... A promessa do cavaleiro para a donzela... Uma mão
para segurar uma face triste... Um navio no meio da tempestade que chora pelo fárol

Parte III – Solitude

Eu abro meus olhos e vejo um lago congelado
lembro dos momentos já passado
e penso em tudo que passei só e calado

Corte o laço da mentira
que manteve minha vida
nesse curso...
para mim há somente o infórtunio?

Talvez seja reservada em meu nome a solidão
e todo o frio reina em meu coração

Parte IV – A despedida

Pegue todos os meus livros... Guarde-os bem
lembre-se de todas as músicas que um dia eu amei
Perdoai-me mas eu lhe mostrei apenas uma das minhas faces
Eu tenho uma para os amigos, uma para Deus, uma para
o Diabo, uma para você e a verdadeira para o espelho...

O sacrifício para esconder o que realmente fui
me machucou por muito tempo...
nas nascentes de meu lago flui
toda a causa do meu sangramento

Eu tive medo, mas não tive um ombro
Eu tive solidão, mas não o carinho
Talvez seja esse o destino reservado a mim...
Eu quiz contar sobre mim para um conhecido
mas era os desconhecidos que me escutavam...

Parte V – O canto do cisne

Sentada nesse banco em almejo para que a chuva me leve
eu gostaria de retornar aquela cachoeira para dormir
o medo, as palavras nunca mais me alcançariam, além de mim
háveria um anjo para me escutar... Ele me contaria sobre a neve

Eu almejo partir
Eu desejo morrer...

Uma vez me disseram que se eu acreditasse intensamente
todos os desejos seriam escutados dentro da minha mente

Parte VI - Desabafo

Então eu me deitei e esperei pela morte...
a cada passo que eu dou eu sinto a lâmina
fazendo o seu trabalho... Cada corte
feito com esmero, essa linha
chegou a seu fim...

Numa primavera do ano de 2010 uma garota é encontrada
morta em sua cama... Em sua mão a imagem de Gabriel
preso na pirâmide... Em seu rosto a felicidade foi revelada
Não importa se houve um céu....

Talvez ninguém irá sentir saudade
mas quem se importa agora...
O mundo não perdeu ninguém...
É apenas mais uma pessoa que partiu
E todos escutaram o Amém...

PARTE VII – O recado

“Eu realmente fico feliz em ter partido, eu realmente me sinto bem aqui no fundo desse lago... Sem dor, sem o medo, eu me apego a esse calor”

Taís Turaça Arantes

Um comentário:

Aldo Carmine disse...

Taís vc é um talento escondido! Linda! Bjoss