terça-feira, 30 de março de 2010

Ausência




Quando você estiver bem velhinho e quase todos a sua volta terem partido, você irá se lembrar de mim? Da menina que amava doces, literatura, filmes antigos e de ir ao mesmo parque e sentar no mesmo banco... Quando você estiver quase surdo vai se lembrar da imagem dela usando óculos e cabelos presos? Quando for reservar o seu tempo na varanda no dia de chuva você irá pensar na menina que tinha medo de altura, ruas movimentadas, de homens que usavam macacões e de morrer afogada (obs: a menina tinha convicção por lagos!)... Será que nas tardes vazias que cairão sobre sua vida, ou até mesma aquelas cheias de ocupações, você terá tempo de sentar e dedicar um minuto para lembrar das manias, como a de molhar o dedo na água e colocar ele dentro do pote de açucar, de molhar a bolacha no refrigerante... Será que você irá lembrar que percebia que havia dias que ela estava quieta? Enfim... Sabe por que pergunto isso? Porque sempre nos momentos em que me assemelho a uma estátua deitada no chão carmim e vejo lentamente as cortinas brancas de renda dançarem com o vento, eu me pergunto:
“Quando eu morrer, dentro em breve, alguém sentirá minha ausência ?”


Taís Turaça Arantes

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